O Crystal e o Chinook se Transformam no Terroir do Oregon

Chinook do Oregon

 O Crystal e o Chinook são duas variedades clássicas dos Estados Unidos. O primeiro foi cruzado em 1983, e a sua linhagem faz parte de um mix entre Hallertau, Cascade, Brewer's Gold e Early Green. O segundo nasceu dois anos depois, em 1985, entre um cruzamento do Petham Golding e uma variedade macho da USDA.

É de se imaginar que lúpulos presentes há quase 40 anos na cena cervejeira não teriam tantas novidades quanto as variedades mais recentes. Só que assim como a cena cervejeira se transformou tanto, principalmente na utilização de lúpulo, as variedades foram se reinventando, entregando novos perfis sensoriais e fazendo parte de novos estilos.

Costumamos pensar em Hazy e Juicy IPAs associadas a lúpulos mais novos, e que já nasceram com um perfil frutado e tropical bem identificados. Acontece que conforme as IPAs evoluíram, muitas cervejarias começaram a experimentar um mix maior de lúpulos, incluindo variedades que eram mais associadas à cena das IPAS "West Coast", como Columbus, Centennial, Chinook, Cascade... assim como variedades menos utilizadas até pouco tempo, como Comet e Crystal.

E porquê isso vem acontecendo? Porque estamos descobrindo óleos novos dentro dos lúpulos, principalmente os tióis, monoterpenos e a capacidade de interação desses óleos com a biotransformação da cerveja durante a fermentação e o dry hopping.

E se dissermos que tem mais uma variável aí? Ela se refere ao título do post: Terroir. Assim como cada variedade possui um perfil sensorial e composição própria dos seus óleos, as mesmas variedades mudam de acordo com o local e forma de cultivo. E é esse o assunto que queremos abordar: o terroir do Oregon é único para o Crystal e o Chinook, transformando essas variedades e fazendo com que contribuam de forma especial nas receitas utilizadas.

 

Lúpulos Crystal e Chinook Seleção Oregon

seleção dos lotes de Crystal e Chinook na Indie Hops, Oregon.

 

Vamos começar pelo Crystal do Oregon:

  • O Crystal cultivado no Oregon possui um perfil suave de laranja de forma secundária, como é característico de todos os Crystals, só que também possui um leve toque de ruibarbo e um leve "funk" ou "dank", que é excelente para estilos "híbridos" como Hop Lagers, Kolsch e outros estilos de maior drinkability que buscam um sabor e aroma de lúpulo. É bastante curioso e até divertido que um descendente de Hallertau MF. encontrou um grande espaço na composição de diversas IPAs atuais.

  • Ele é rico em monoterpenos, especialmente Geraniol e Linalool. Isso o torna uma excelente opção para late hopping, contribuindo para um perfil cítrico e frutado, assim como um ótimo lúpulo para dry hopping também.

O Crystal é um lúpulo incrível, certamente subutilizado e que quando melhor descoberto, tem tudo para se tornar uma variedade mais presente nas cervejas brasileiras. Especialmente para cervejas que buscam maior drinkability e refrescância, mas que ao memo tempo tenham uma carga lupulada maior. Sua composição em IPAs para trazer maior diferenciação e complexidade aromática também deve se tornar mais comum.

E o Chinook do Oregon:

  • O Chinook cultivado no Oregon não possui uma predominância pinho-resinosa, como o Chinook cultivado em Yakima e que costuma ser o mais utilizado. O Terroir do estado ao sul de Washington passa um aspecto mais complexo, de caráter floral, frutado e cítrico, lembrando um pouco o Centennial, com um pouco de pinho, resina e toranja ainda presente, porém suavemente. É sem um dúvida uma raridade e um perfil tão único, que nós nos surpreendemos muito quando tivemos a oportunidade de selecionar esse lúpulo.

  • Ele também é rico em monoterpenos, principalmente Geraniol, e mais importante, Geraniol livre. Isso significa que a variedade não é apenas rica nesse óleo, como também possui uma grande capacidade de extração do mesmo para a cerveja, algo que nem sempre é o caso em outras variedades. Essa característica faz o Chinook ser especialmente interessante para late hopping, onde essa adição ajudará a extrair um perfil mais frutado e cítrico, realçando as características únicas do Chinook cultivado no Oregon.
  • E como é uma variedade é muito completa, também possui uma quantidade significativa de 4MMP, um tiól responsável por aromas cítricos/tropicais intensos e pungentes, muito buscado em Hazy e Juicy IPAS. Como os tióis são melhor extraídos durante o dry hopping, utilizar o Chinook nessa etapa também é uma ótima ideia e ajudará a trazer mais intensidade aromática para a cerveja.

Nós estamos muito felizes em trazer dois lotes tão especiais dessas variedades. Não foi tarefa fácil encontrar lúpulos tão únicos e ao mesmo tempo acessíveis para o mercado cervejeiro. É isso que acreditamos e que seguiremos fazendo aqui na Hops Company. Estamos sempre em busca de lotes incríveis para a cena cervejeira do Brasil.

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Já viu o nosso post sobre o Centennial de Moxee? Clique aqui para conhecer melhor.

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