Um pouco de História: Lúpulos do Hemisfério Sul - Nova Zelândia e África do Sul
Aqui na Hops Company, buscamos fazendas de lúpulo ao redor do mundo, sempre em busca de lotes incríveis e de terroirs únicos. Nessa busca, lúpulos de dois países do hemisfério sul nos chamaram a atenção na última colheita: Nova Zelândia e África do Sul. E queremos compartilhar com vocês um pouco sobre a história do lúpulo nesses dois países.
Você já parou para pensar que por muito tempo, o lúpulo foi uma planta de plantio exclusivo do hemisfério norte? Por quase 1.000 anos o seu cultivo foi apenas europeu, sendo apenas a partir de 1600 que os Estados Unidos se tornaram um país com cultivo da planta. E foi por volta de 1820 que o lúpulo começou a ser plantado no hemisfério sul.
Nova Zelândia:
O lúpulo chegou na Nova Zelândia, mais especificamente na região de Nelson, no ano de 1842 por imigrantes ingleses. Começou como um experimento e por volta de 1850 a produção já se tornou comercial, a ponto de fornecer a planta para cervejarias locais. Até 1890 o cultivo era volátil, com preços mudando muito enquanto o mercado buscava um equilíbrio entre oferta e demanda. Mesmo com uma certa estabilização do cultivo, por quase 100 anos a área de plantio de lúpulo no país ficou entre 240 - 280 hectares.
Por volta de 1950 o cultivo se tornou mais profissionalizado, com maior foco em automação, desenvolvimento de variedades, cooperativismo e apoio do governo. O resultado disso é que a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a possuir variedades de lúpulos sem semente, e pouco a pouco, essas variedades foram ganhando espaço pelo seu perfil sensorial intenso e exótico, principalmente com o enorme crescimento da cena cervejeira artesanal no mundo desde os anos 2000.
Atualmente mais de 80% da produção é exportada, e praticamente todo o cultivo de lúpulo no país é feito na região de Nelson. O plantio anual, que ficou por quase 100 anos em aproximadamente 280 toneladas, atualmente é superior a 800 toneladas.
Tivemos a oportunidade de encontrar um lote incrível de uma variedade experimental da Nova Zelândia. Dica: o nome desse lúpulo começa com HORT e termina com 37, ele é extremamente tropical e cítrico, lembrando maracujá, abacaxi, toranja e pêssego. Contaremos mais nos próximos posts ;)
África do Sul:
O cultivo de lúpulo nesse país é especialmente interessante. A SAB, também conhecida como South African Breweries é um grupo cervejeiro sul africano de longa tradição no país. E assim como em muitos países, sempre tratou o lúpulo como um insumo importado para poder produzir cervejas no país. Acontece que durante a 1ª guerra mundial, conseguir lúpulo da Europa se tornou uma tarefa praticamente impossível. Foi com essa realidade que o grupo tentou viabilizar o cultivo de lúpulo na região.
O local inicial de cultivo, e que segue até hoje, é o vale de Waboomskraal, na mesma latitude da cidade do Cabo, no paralelo 32. Foram feitas diversas adaptações para tornar o plantio de lúpulo viável comercialmente nessa região. No começo, a técnica de melhor efeito foi utilizar iluminação artificial para prolongar o tempo de "sol" que a planta precisa em um dia, e que é significativamente menor no paralelo 32, em comparação com as latitudes tradicionais do lúpulo, que ficam entre 40 e 50.
Com o tempo, a SAB investiu no desenvolvimento de variedades proprietárias que fossem mais adaptadas ao clima e latitude local. O programa deu certo e atualmente o lúpulo plantado na região não utiliza mais iluminação artificial e possui uma produtividade que viabiliza a produção da planta para o mercado local. Estima-se que mais de 70% do lúpulo utilizado no país é de origem nacional. Um resultado incrível e que inclusive serve de inspiração para o lúpulo brasileiro.
Muito recentemente, o mercado cervejeiro artesanal descobriu o lúpulo sul africano, especialmente as variedades African Queen (também conhecida como J17), Southern Passion e Southern Tropic. Essas variedades ganharam espaço em IPAs e outros estilos que buscam um aroma intenso de lúpulo. As variedades ganharam uma reputação de lúpulos exóticos, lembrando bastante a curiosidade e perfis únicos dos lúpulos neo zelandeses.
Quer outra boa notícia? Nós conseguimos um lote de cada uma dessas 3 variedades e contaremos mais nos próximos posts do blog.
Não podíamos falar do cultivo no hemisfério sul e não mencionar o Brasil, certo? Apesar de estarmos ainda começando com o cultivo da planta no nosso país, temos um trabalho sério sendo feito e que vem evoluindo muito a cada ano. Quer saber um pouco mais? Soltamos alguns posts no nosso blog sobre o assunto. Para saber mais, fizemos dois posts falando sobre a celebração brasileira de lúpulo fresco, que organizamos em conjunto com o EAP: